22 DE SETEMBRO – DIA MUNDIAL SEM CARRO
“Uma cidade avançada não é aquela onde os pobres andam de carro,
mas aquela onde os ricos andam de transporte público”.
Enrique Peñalosa
A pandemia do novo coronavirus impôs uma dura realidade “forçando” os povos do mundo a reduzirem os seus deslocamentos para travar a circulação do Covid-19. Por conta dessa mudança de hábitos o trabalho em casa, a teleentrega, a educação à distância, as compras ou as operações bancárias pela internet e as vídeoconferências são comodidades que estão transformando a economia e a cultura.
Essa tendência vem ao encontro de uma situação física que requer eficiência dos governos locais: a questão da mobilidade urbana. Até alguns anos atrás só se pensava na ampliação da infraestrutura viária, pois prevalecia a visão de que a frota crescente de automóveis precisava circular. Não se cogitava limitar a produção de automóveis ou restringir o seu uso. Acontece que a indústria automotiva não tem nenhum compromisso com o planejamento urbano e o agravamento da “tranqueira” acabou por justificar políticas de gestão do trânsito nas cidades. Um exemplo muito significativo é o de Bogotá, capital da Colômbia. De acordo com o urbanista Enrique Peñalosa, prefeito da cidade naquela época (1998/2001), nenhum governo é obrigado a garantir a circulação e o estacionamento de todos os carros. A prioridade do seu governo era qualificar o transporte público. Ele implantou o sistema TransMilênio BRT inspirado na experiência de Curitiba, melhorou calçadas, delimitou 300 km de ciclovias e comprou uma briga enorme ao estabelecer regras rigorosas para permitir o acesso de carro a algumas áreas da cidade. (Por acaso, ou nem tanto, a Colômbia é o “berço” de gerações de ciclistas de elite que competem no mesmo nível dos europeus.)
Aqui no Brasil os ciclistas conhecem bem a disputa por um lugar no trânsito e sabem que a bicicleta não é considerada seriamente como meio de transporte. Mesmo assim - e apesar da pandemia - a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas divulgou um relatório informando que depois de uma queda acentuada nas vendas de bicicletas no mês de março, o mês de junho teve um incremento de 50% e julho de 118% em relação aos mesmos meses do ano anterior. https://aliancabike.org.br/vendas-em-julho.
Seja para esporte, para lazer ou, principalmente, como meio de transporte, a bicicleta ainda há de ter a mesma importância que o ônibus tem nas decisões políticas que regulam a mobilidade urbana, como demonstrou Enrique Peñalosa. No dia 22 de setembro e nos demais dias, se puder, deixe o carro em casa.









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