
ELE JÁ ESTÁ QUASE LÁ
Há várias categorias de ciclistas. Há quem pedale por necessidade, de 2ª a sábado, para trabalhar. Há quem pedale por diversão aos domingos. Há quem pedale por esporte, mesmo que seja amador. Mas há quem pedale para sintetizar turismo, aventura e superação pessoal. Vamos incluir o nosso amigo Paulo Renato Petry nesta categoria.
Depois de ir de bicicleta até Brasília ele está quase concluindo seu novo desafio: viajar de Montenegro – RS a Santiago do Chile. Nesse momento (11 horas do dia 19 de novembro de 2010) ele deve estar iniciando a transposição da Cordilheira dos Andes. Ele partiu de Mendoza (Arg) a 800m de altitude e pretende alcançar Uspallata (Arg) a 1990m de altitude ainda hoje. Trata-se de uma escalada de, aproximadamente, 1.200m de desnível em 130 km de distância.
Já são vinte dias de estrada. Inicialmente o Paulo atravessou o pampa cortando o cone-sul da nossa América de leste a oeste. Só céu e campanha. Ele com ele mesmo. Agora esbarrou com a muralha natural que é a Cordilheira. Um paredão coberto de neves eternas. Sentiu-se “um ninguém”, como ele mesmo escreveu em seu blog (veja o link, ao lado, e acompanhe a viagem). “Um ninguém”...? Pois só quem percebe a dimensão da paisagem é que realmente é um alguém, consciente de sua própria condição e importância nesse contexto. Pequeno – mas fundamental – como um átomo.
Uma jornada como esta é antes de tudo uma jornada existencial. O sujeito volta pra casa com outra visão de mundo, com valores renovados e aprofundados. Espiritualidade, transcendência, auto-conhecimento... Seja o que for, tudo isto está muito além das condições físicas necessárias para a prática do ciclismo. A bicicleta para o Paulo Petry é apenas o veículo, um detalhe menor.
Eu admiro um cara desses.
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