
A madrugada estava fria. Por volta de 16 graus. Às 4 horas partimos de Montenegro para o DC Navegantes, em Porto Alegre, ponto inicial da primeira prova de Audax de 200 km desta temporada 2008 a ser realizada na capital do Estado. Precisávamos estar no local às 5 horas para que fosse feita a vistoria das bicicletas e dos equipamentos de segurança obrigatórios para os ciclistas: capacete, colete refletivo, farol e luz traseira. O quesito segurança é importantíssimo para pedaladas de longa distância e com muitos participantes.

Havia 120 ciclistas inscritos, como sempre, de todas as idades, de ambos os sexos e, apesar do horário, todo mundo bem disposto, bem humorado, ansioso esperando a hora da largada. A energia é total nos momentos que antecedem a partida. Ainda arrumamos um tempinho para tomar um café reforçado que levamos de casa. Para enfrentar um desafio como esse o ciclista precisa estar bem alimentado, bem hidratado e descansado, caso queira realizar uma prova em boas condições.
Às 6 horas estouraram os foguetes e o carro batedor conduziu o pelotão ainda concentrado para mostrar o início do percurso. Até aí, todos estavam instruídos para não ultrapassar o carro batedor até que se completasse a transposição da magnífica ponte sobre o rio Guaíba.

O sol raiava e já mostrava sua cara, indicando que teríamos um belo domingo de temperaturas amenas (pelo menos foi assim de manhã), perfeito para uma pedalada pelas estradas planas que ligam Porto Alegre à Charqueadas, Guaíba e Barra do Ribeiro. A topografia é totalmente favorável, mas poderíamos enfrentar vento pelo caminho, já que aquela região é adjacente à Lagoa dos Patos. Mas felizmente o vento fraco não incomodou.
Além do lado esportivo do Audax, não se pode desprezar o lado do cicloturismo. Uma jornada longa, de 200, 300, 400 ou 600 quilômetros, proporciona o prazer de visualizar belíssimas paisagens e momentos de integração à natureza, em silêncio, sem barulho de motor, sem produzir fumaça, sem consumir combustível, ou seja: nenhum impacto ambiental.

Recentemente participamos de outra prova como esta de 200 quilômetros. Como já foi explicado anteriormente, o regulamento do Audax exige que o ciclista cumpra todas as etapas caso queira obter o “brevet” máximo, correspondente a 1200 km a serem percorridos em 90 horas (ocorre na França a cada 4 anos no percurso Paris-Brest-Paris. No ano passado, 2007, nosso amigo Luis Faccin, de Santa Cruz do Sul, realizou esta façanha). Mas quem participa de uma etapa de 200 km não assume nenhum compromisso de fazer as etapas restantes. Ou seja, no Audax a gente pode pedalar por diversão, repetindo provas com a mesma quilometragem em qualquer lugar onde elas acontecerem quantas vezes quiser. Pedalar um Audax é uma experiência nova e diferente da outra.

São outras pessoas, outros lugares, outras condições climáticas, mas é sempre um exercício de solidariedade em relação aos companheiros de desafio e uma lição de respeito à natureza. Ao ritmo da bicicleta, ao contrário do carro, observamos com mais atenção e nos conscientizamos de quanto os seres humanos podem ser irracionais quando utilizam uma estrada para o seu deslocamento, considerando a impressionante quantidade de lixo jogado à margem da estrada. As grandes campeãs da sujeira e da poluição são as garrafas “pet” e os maiores inimigos do ciclista são os cacos de vidro das garrafas “long neck”. Depois vem as latinhas, fraldas, etc. É inaceitável uma pessoa abrir a janela do carro e simplesmente jogar um objeto para fora. Mas essa já é uma outra história...
Nas fotos acima: Augusto Wolff, Carlos Kuhn e Thales Moreira, Marco Santos, e outras duas imagens do grupo, nas quais está presente Paulo Petry.
Nenhum comentário:
Postar um comentário