segunda-feira, 28 de abril de 2008

Passeio ciclístico do São José

Quem diria... todas as previsões alertavam para a possibilidade de ocorrências de temporais sobre o Estado do Rio Grande do Sul, mas o domingo amanheceu lindo, com o céu muito azul sem nuvens e com o sol brilhando forte. Nesse dia (domingo, 27 de abril de 2008) havia dois eventos ciclísticos dignos de nota aqui no Biciclube: o Audax 200 km de Lajeado e o passeio ciclístico do Instituto de Educação São José, de Montenegro. Sobre Audax já falamos aqui algumas vezes, fregueses constantes que estamos nos tornando dessa modalidade esportiva. No ano passado participamos do de Lajeado e constatamos a organização impecável graças ao empenho e à seriedade do Kieling e de todos os seus apoiadores. Com relação ao deste ano ainda não temos informações, mas com a sorte do tempo bom a festa deve ter sido um sucesso completo.
O outro evento aconteceu aqui, em Montenegro. Esta é a primeira vez que temos a oportunidade de comentar sobre uma iniciativa desse tipo nesse blog tão recente. Dois grandes amigos e parceiros de pedal são pais de alunos que estudam no São José: o Marco Santos, pai da Rafaela (6 anos), e o Mauro Cera, pai do Frederico e da Martina (14 e 11 anos). Pois para prestigiar esse evento, esses pais e esses filhos, fomos até o cais, nas proximidades da Câmara de Vereadores, acompanhar a largada do passeio. A beleza visual do espetáculo pode ser conferida pelas fotos. Nem é necessário descrever. Já o astral alegre e a atmosfera de confraternização só se percebe no local, ao vivo. O Frederico, sortudo, foi sorteado com uma bicicleta de 21 marchas oferecida pela Loja Quero-Quero. Momentos como esse proporcionam integração entre professores, pais e alunos de forma divertida e saudável, dos quais se pode tirar muitas lições. É sempre oportuno relacionar ciclismo com temas contemporâneos para que bons eventos como esse promovido pelo São José não se esgotem em si. A partir da bicicleta é possível estabelecer vínculos com questões de cidadania, ecologia, comportamento responsável no trânsito, relações sociais, ou seja, é pedagogia no sentido mais amplo, aplicada numa atividade prática. Um “simples” passeio ciclístico pode resumir-se ao deslocamento de bicicleta por dois ou três quarteirões e fim, ou ser utilizado didaticamente por todas as disciplinas escolares, da física à geografia, e até transcender a escola, acompanhando o jovem cidadão pela vida afora. Esse não foi o primeiro passeio ciclístico do São José. Tomara que haja outros mais.

domingo, 13 de abril de 2008

O elo mais fraco

Qualquer pedalada na estrada é suficiente para escancarar a desvantagem da bicicleta em relação aos demais veículos. Aí a gente se convence que o trânsito, pelo menos para alguns, é um ambiente de disputa por espaço e não de exercer a solidariedade e a boa convivência veicular. Vamos ao exemplo: uma volta de 80 km, partindo de Montenegro com destino a Novo Hamburgo, via Portão e Estância Velha, e retorno por Scharlau e daí, novamente Portão e, finalmente, Montenegro.

Como acontece em qualquer pedalada na estrada há situações mais críticas que requerem cuidado especial do ciclista. No caso do roteiro acima mencionado temos a primeira situação mais perigosa quando estamos na RS-240, em Portão, e precisamos atravessar a rodovia da direita para a esquerda para acessar a cidade de Estância Velha. O ciclista vem rodando pelo acostamento e deve esperar o momento certo para "cortar" a faixa e tomar o refúgio à esquerda, sendo necessário calcular muito bem a velocidade do fluxo, ou mesmo parar e olhar para trás. Uma vez realizada essa que é a primeira parte da manobra, é preciso ficar atento aos veículos que vêm pela outra pista, em sentido contrário. Quando o movimento dá uma folga é a hora de cruzar a pista contrária da RS e seguir, então, pela faixinha asfaltada - mas de mão dupla e sem acostamento - que leva à zona urbana de Estância. Daí em diante é possível seguir com relativa tranqüilidade essa rota que começa a descrever um círculo em sentido horário, apreciando a beleza da paisagem rural riscada pela estrada sinuosa. Uma vez ultrapassada Estância, toma-se uma saída lateral à direita e poucos quilômetros depois alcança-se a Br-116 já em Novo Hamburgo, convertendo sempre à direita.

Assim prossegue a pedalada até a sinaleira "da" Scharlau, onde se converte à direita mais uma vez, sem problemas. Logo mais adiante, após a primeira lombada eletrônica da RS-240, surge um viaduto. Ali existe uma saída lateral pela direita que dá acesso ao centro da cidade de Portão. Mas o ciclista que opta por seguir pela RS, isto é, subindo o viaduto, precisará esperar e/ou sinalizar muito bem para avisar os motoristas da sua intenção de atravessar a saída lateral da direita para a esquerda, mantendo-se na RS propriamente dita. Pois nessa passagem enfrentamos, Marco Santos e eu, alguma dificuldade causada pela falta de educação de um motorista que, mesmo percebendo a nossa sinalização não reduziu a velocidade para permitir a nossa manobra, nem sequer acionou o pisca-pisca do carro para que outros motoristas, ciclistas e demais envolvidos naquela circunstância soubessem o que ele pretendia fazer: sair pela via lateral. Simplesmente não tomou conhecimento e todo mundo pensou que ele seguiria pela RS. Isto não é um problema apenas para os ciclistas, mas os ciclistas correm o maior risco. Nesse caso teria sido mais prudente de nossa parte evitar o viaduto e seguir pela via lateral permanecendo sempre à direita, até por que logo mais adiante a pista lateral retorna à RS. Mas e se não tivéssemos essa opção...? Depois disso, nesse mesmo circuito, há só mais uma travessia da estrada da direita para a esquerda em Rincão do Cascalho, logo após o posto de pedágio, no acesso ao refúgio para retornar à Montenegro. Novamente é bom tomar cuidado e esperar o momento mais favorável. A esta altura do campeonato já estamos a apenas 22 km de Montenegro, isto é, (quase) em casa, sãos e salvos. A última manobra deste circuito (depois de ultrapassada a seqüência das 6 pontes) é fazer o contorno da rótula próxima da antiga fábrica da Antárctica para sair da RS-240 e seguir pela rua Osvaldo Aranha em direção ao centro da cidade de Montenegro. Ufa!

terça-feira, 8 de abril de 2008

Audax 200 km Porto Alegre 2008

A madrugada estava fria. Por volta de 16 graus. Às 4 horas partimos de Montenegro para o DC Navegantes, em Porto Alegre, ponto inicial da primeira prova de Audax de 200 km desta temporada 2008 a ser realizada na capital do Estado. Precisávamos estar no local às 5 horas para que fosse feita a vistoria das bicicletas e dos equipamentos de segurança obrigatórios para os ciclistas: capacete, colete refletivo, farol e luz traseira. O quesito segurança é importantíssimo para pedaladas de longa distância e com muitos participantes. Havia 120 ciclistas inscritos, como sempre, de todas as idades, de ambos os sexos e, apesar do horário, todo mundo bem disposto, bem humorado, ansioso esperando a hora da largada. A energia é total nos momentos que antecedem a partida. Ainda arrumamos um tempinho para tomar um café reforçado que levamos de casa. Para enfrentar um desafio como esse o ciclista precisa estar bem alimentado, bem hidratado e descansado, caso queira realizar uma prova em boas condições.
Às 6 horas estouraram os foguetes e o carro batedor conduziu o pelotão ainda concentrado para mostrar o início do percurso. Até aí, todos estavam instruídos para não ultrapassar o carro batedor até que se completasse a transposição da magnífica ponte sobre o rio Guaíba. O sol raiava e já mostrava sua cara, indicando que teríamos um belo domingo de temperaturas amenas (pelo menos foi assim de manhã), perfeito para uma pedalada pelas estradas planas que ligam Porto Alegre à Charqueadas, Guaíba e Barra do Ribeiro. A topografia é totalmente favorável, mas poderíamos enfrentar vento pelo caminho, já que aquela região é adjacente à Lagoa dos Patos. Mas felizmente o vento fraco não incomodou.
Além do lado esportivo do Audax, não se pode desprezar o lado do cicloturismo. Uma jornada longa, de 200, 300, 400 ou 600 quilômetros, proporciona o prazer de visualizar belíssimas paisagens e momentos de integração à natureza, em silêncio, sem barulho de motor, sem produzir fumaça, sem consumir combustível, ou seja: nenhum impacto ambiental.
Recentemente participamos de outra prova como esta de 200 quilômetros. Como já foi explicado anteriormente, o regulamento do Audax exige que o ciclista cumpra todas as etapas caso queira obter o “brevet” máximo, correspondente a 1200 km a serem percorridos em 90 horas (ocorre na França a cada 4 anos no percurso Paris-Brest-Paris. No ano passado, 2007, nosso amigo Luis Faccin, de Santa Cruz do Sul, realizou esta façanha). Mas quem participa de uma etapa de 200 km não assume nenhum compromisso de fazer as etapas restantes. Ou seja, no Audax a gente pode pedalar por diversão, repetindo provas com a mesma quilometragem em qualquer lugar onde elas acontecerem quantas vezes quiser. Pedalar um Audax é uma experiência nova e diferente da outra. São outras pessoas, outros lugares, outras condições climáticas, mas é sempre um exercício de solidariedade em relação aos companheiros de desafio e uma lição de respeito à natureza. Ao ritmo da bicicleta, ao contrário do carro, observamos com mais atenção e nos conscientizamos de quanto os seres humanos podem ser irracionais quando utilizam uma estrada para o seu deslocamento, considerando a impressionante quantidade de lixo jogado à margem da estrada. As grandes campeãs da sujeira e da poluição são as garrafas “pet” e os maiores inimigos do ciclista são os cacos de vidro das garrafas “long neck”. Depois vem as latinhas, fraldas, etc. É inaceitável uma pessoa abrir a janela do carro e simplesmente jogar um objeto para fora. Mas essa já é uma outra história...
Nas fotos acima: Augusto Wolff, Carlos Kuhn e Thales Moreira, Marco Santos, e outras duas imagens do grupo, nas quais está presente Paulo Petry.